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Academias: uma porta de acesso às oportunidades de carreira em cibersegurança

A intensa busca por profissionais especializados em cibersegurança está forçando as empresas a desenvolverem estratégias criativas para atrair talentos. Um destes modelos são as Academias – um treinamento rápido que permite aos profissionais conhecer mais sobre o setor e se preparar para o ingresso nas empresas.

As Academias apresentam tecnologias, soluções e tendências a profissionais em início de carreira, aqueles interessados em ampliar conhecimento ou mesmo os propensos a mudar de carreira.

Esta oferta vem sendo adotada pelas empresas com dois propósitos: treinar uma massa de profissionais e recrutar os melhores; e promover a cultura da segurança digital junto aqueles que não são absorvidos em um primeiro momento, mas que são preparados para trabalhar junto a clientes e parceiros mais adiante.

De acordo com a (ISC)² – organização sem fins lucrativos especializada em Segurança Cibernética -, o Brasil ultrapassou o déficit de 450 mil profissionais do segmento de cibersegurança, estado à frente dos Estados Unidos. O resultado foi o maior em comparação aos 14 países avaliados. 

E isto em um momento de alta dos riscos e de intensificação da digitalização. São incontáveis os estudos que registram aumento do volume e da complexidade das ameaças e tentativas de ataques. E outros relatórios apontam que a massificação do uso da inteligência artificial deve multiplicar o risco aos negócios. Um destes relatórios indica que o número de incidentes de exploração de nuvem teve um aumento de 95% em 2022 (Relatório Global de Ameaças de 2023, divulgado esta semana pela CrowdStrike).

Fazendo uma conexão entre os fatos, a computação em nuvem e a mobilidade são os dois aceleradores da transformação digital, segundo a Andreessen Horowitz (a16z), uma das gestoras de venture capital mais influentes do Vale do Silício. O movimento deve consumir US$ 6,8 trilhões em 2023.

Pleno emprego

Toda esta demanda só aumenta a necessidade de mão de obra especializada não só dentro das empresas de tecnologia como como em todas as organizações que se digitalizaram ou seguem este caminho.

“Para o profissional especializado em cibersegurança, este é um mercado excelente. Empresas brigando por eles, salários aumentando entre 20% e 30% todas as vezes em que trocam de emprego. Os melhores profissionais têm grande espaço no mercado e oportunidade de se especializar, porque as empresas estão investindo em talentos”, diz a diretora de recursos humanos da NTT Ltd., Daniela Gärtner.

Por isto, as Academias se consolidam como a porta de acesso ao setor de cibersegurança. A Cisco por exemplo, acaba de anunciar o Programa CiberEducação Cisco Brasil – Edição 25 Anos NetAcad – Capacitação de Alunos. A chamada para o curso pergunta ao candidato se ele sabe que os empregos em segurança cibernética crescem 3x mais rápido do que os de TI em geral.

Aberto ao público em geral, a primeira etapa conta com autoaprendizado em que o aluno segue uma maratona de três semanas para realizar o curso Fundamentos em Cibersegurança (30h).

Ao final desta etapa, os 1500 melhores alunos selecionados estarão aptos para avançar no Programa de capacitação profissionalizante com bolsas de estudo gratuitas para o CCNA1 + CyberOps Associate

Para a terceira etapa do programa, é necessário o aluno ter o certificado de conclusão do curso da Maratona – “Fundamentos em Cibersegurança” e ficar entre os melhores na prova de seleção voltada à conhecimentos gerais de TI, Redes e Cibersegurança, bem como habilidades interpessoais.

Na conclusão do programa os alunos serão estimulados a colocar em prática seus conhecimentos, já como estagiário ou efetivo, em parceiros e clientes Cisco.

Recrutamento e seleção – tempo

Daniela Gärtner, da NTT Ltd., diz que as Academias devem reduzir o tempo de recrutamento e seleção dos profissionais de cibersegurança, hoje fixado em torno de 40 dias. “As pessoas estão empregadas, e a maioria mudou de empresa há menos de 1,5 ano, o que inflaciona os salários, considerando que a maioria trocou de emprego com um upgrade salarial”, diz.

Atuando em diferentes áreas do setor de segurança cibernética, como controle, monitoramento de ataque, recuperação do ambiente, monitoramento da marca, ataque surpresa, a companhia já promoveu oito Academias no Brasil, por iniciativa própria e junto com parceiros, com a participação de mais de 5 mil pessoas. Veja abaixo:

  1. OT Academy BR – Claroty
  2. F5 Academy – F5
  3. VMWare Academy – VMWare
  4. IT4Girls e Fundamentals Academy – WomakersCode
  5. Maratona Cisco de Cibereducação (5ª e 6ª Onda) – Cisco NetAcad
  6. Imperva Academy + IT4Girls – Imperva
  7. Cybersecurity Education & Certification Program – WOMCY e Microsoft
  8. OT Cybersecurity Academy LATAM – Claroty e Rockwell

Segundo a gestora da NTT Ltd., fora as Academias as opções para recrutamento e seleção de profissionais de cibersegurança se limitam às indicações e às buscas na rede social Linkedin.

Perfil do candidato

Mas qual é o perfil de profissionais que as empresas buscam? Além da graduação, o primeiro requisito avaliado pela NTT Ltd. É o “cultural fit”. A empresa avalia crenças, valores e comportamentos. Considera se a pessoa conseguirá se adequar ao ambiente 100% flexível da companhia, no que diz respeito à jornada e local de trabalho. Aqueles que não têm autonomia para trabalhar remotamente não são compatíveis, por exemplo, assim como gestores que defendem o trabalho presencial.

Outro item relevante para a NTT é a atualização. “Impossível um profissional de ciber sobreviver sem se atualizar. A pessoa tem que estar antenada com o mercado e sempre disposta a aprender”, diz Daniela.

Dando a dimensão da importância dos profissionais especializados para empresas que vivem da prestação de serviços nesta área, André Gargaro, líder da Deloitte Cyber, atribui o intenso crescimento da operação ao acerto na estratégia de contratação de pessoas.

Em 1,5 ano, a Deloitte Cyber saltou de 15 pessoas para 77 e tem previsão de contratar 100 profissionais em dois anos (70 agora em 2023 e 30 em 2024).

Gargaro destaca que este ritmo de contratações só pode ser mantido porque a empresa reviu a estratégia de recrutamento e seleção e busca profissionais especializados em negócios e os treina em cibersegurança. “Segurança da informação só existe nas empresas por causa dos negócios – necessidade de proteção”, diz ele.

Com esta transição estratégica, a Deloitte Cyber viu o tamanho dos projetos aumentar significativamente. Dos 45 profissionais contratados no último ano, parte são técnicos que já falavam a língua dos negócios. A fonte dos recursos humanos também são as Academias. “Oferecemos uma capacitação em ciber antes do profissional ser contratado”, diz Gargaro.

A estratégia de RH nesta área segue dois caminhos: o treinamento de profissionais juniores e a seleção de especialistas em áreas de negócios para operar em ciber – advogados, economistas, administradores de empresas etc.

No primeiro ano do programa, a Academia Deloitte capacitou 150 pessoas, aproximadamente, e contratou 45. Já na segunda jornada, 300 pessoas passaram pelo treinamento.

Um dos contratados reside em Barcarena – a duas horas de barco de Belém (PA). “Este rapaz dificilmente teria chance de trabalhar na Deloitte. A pandemia trouxe este benefício do trabalho remoto. Ele se saiu muito bem no primeiro bootcamp, que foi remoto, e foi contratado”, lembra Gargaro.

Segundo ele, os profissionais mais seniores, seguem o perfil dos dois sócios contratados para esta área, Armando Amaral, ex-TIVIT e UOL; e Daniel Tupinambá, ex-Gartner e Embraer. “Cibersegurança é muito mais atitude e consciência do que investimento”, ensina Gargaro.

Em 2022, a área de serviços cibernéticos da Deloitte cresceu, no Brasil, 74% em relação ao período anterior, resultado de um investimento robusto em contratação de profissionais do mercado, promoções internas, treinamentos, alianças com provedores de tecnologia e diversificação de portfólio. O plano da Deloitte para a área é dobrá-la de tamanho entre os anos fiscais de 2021 e 2024; atualmente já são mais de 300 profissionais, sendo 15 deles sócios.

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