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ChatGPT como ferramenta de engenharia social

*Por Claudia Carvalho

O ChatGPT é o hype do momento em I.A., o qual permite uma experiência bastante real de conversa com um bot (robô), respondendo muitas perguntas formuladas pelo usuário, através de textos semelhantes aos escritos por humanos, o que já virou o terror dos professores universitários, que terão bastante trabalho para analisar trabalhos acadêmicos com plágio.

Tudo isso é possível pela sua capacidade avançada como ferramenta de pesquisa, podendo ainda escrever códigos, detectar vulnerabilidades e ainda analisar linguagem de máquinas, segundo descobertas de pesquisadores.

Tal recurso pode ser bastante útil para atendimentos online, respondendo dúvidas de clientes ou orientando ações para solucionar demandas, o que tornaria a experiência mais eficiente e satisfatória, principalmente para instituições bancárias.

Ocorre que, a mesma funcionalidade que atenderia demandas corporativas, pode ser usada para facilitar também a ação de cybercriminosos, em conversas com usuários.

Assim sendo, estratégias de convencimento de vítimas, o que chamamos de engenharia social, podem ser aperfeiçoadas pelo ChatGPT, que poderá facilitar o envio de mensagens convincentes de phishing, como, por exemplo, para requerer indevidamente dados de cartões de crédito ou para determinar a instalação de malware que invada equipamentos.

Frise-se que um dos pontos de falha de mensagens de golpes financeiros (estelionato eletrônico – crime do artigo 171, parágrafo 2º, letra A do CP) era justamente a linguagem usada e os erros evidentes de escrita, que despertavam a desconfiança do leitor, o que agora não mais acontecerá.

Nesse sentido, será importante que empresas orientem seus clientes sobre rotinas estranhas que podem ser detectadas em conversa com bots, as quais podem facilitar ações criminosas e perdas financeiras.

*Claudia Carvalho é advogada criminal formada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), especialista em crime cibernético corporativo, palestrante, autora do livro Direito Penal 4.0 (Editora Lumen Juris), professora, mentora em cybercrime na Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L), membro da Associação Nacional de Advogadas(os) de Direito Digital (ANADD) e da LATAM Women in Cybersecurity (WOMCY), além de fundadora e instrutora da Criminal Compliance Business School.

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