Uma selfie caprichada no Instagram, uma plataforma de acesso livre às câmeras abertas de segurança pública e alguns algoritmos de inteligência artificial — isso é tudo que o artista belga Dries Depoorter precisou para dar vida ao assustador projeto The Follower (“O Seguidor”, em uma tradução livre para o português), iniciativa que tem causado bastante desconforto na internet. O objetivo primário de Depoorter é demonstrar como tais tecnologias podem ser utilizadas para rastrear a localização de qualquer internauta.
O conceito é simples. Analisando uma foto publicada na rede social e utilizando EarthCam, que lhe dá livre e gratuito acesso ao feed de vídeo de câmeras de segurança abertas ao redor do mundo, ele conseguiu configurar uma I.A. para calcular ângulos diversos e descobrir exatamente onde tal imagem foi capturada. Para seus protótipos, ele analisou fotografias registradas na Times Square (em Nova Iorque), no estádio de baseball Wrigley Field (Chicago) e nas redondezas do bairro Temple Bar (Dublin, Irlanda).
Claro, o fato de que as “cobaias” de Depoorter terem marcado suas localizações geográficas nas publicações do Instagram foi um plus. O resultado pode ser visto no vídeo demonstrativo logo abaixo — ele foi originalmente publicado no canal do próprio artista no YouTube, mas removido poucos dias depois, possivelmente por conta das repercussões envolvendo as cobaias que tiveram suas imagens utilizadas sem o devido consentimento. De qualquer forma, é óbvio que já existem centenas de republicações pela web.
É importante ressaltar que esta não é a primeira vez que Depoorter emite alertas a respeito de como os avanços no campo da inteligência artificial e o uso de câmeras IPTV para segurança pública podem simbolizar riscos à nossa privacidade. Em 2018, ele demonstrou seu trabalho durante uma palestra no TEDx de Bruxelas, capital da Bélgica. Ele também ficou famoso em 2021 com o projeto “The Flamish Scrollers”, que pegava no flagra políticos usando seus celulares durante sessões plenárias.