Uma das inovações adotadas pela Rússia na invasão da Ucrânia são os ciberataques. E detalhe: a guerra digital oferece complexidade igual ou maior que os conflitos físicos, porque é de difícil definição. A professora Mariana Kalil, da Escola Superior de Guerra (ESG), conversou com exclusividade com o Hub Cybertech Brasil e disse: “Temos uma definição de guerra cibernética muito baseada no Estado Nação. O que, na verdade, carrega alguns problemas e implicações, que dizem respeito a quem de fato executa o ataque dentro de uma guerra cibernética. Quem ataca dificilmente é o próprio Estado”.
A professora reforça que no caso de uma guerra cibernética a nação que ataca, assim como faz a Rússia, normalmente busca uma negação plausível da sua participação em ataques cibernéticos, porque a execução de fato parte de organizações não estatais – coletivos de hackers – que, normalmente, têm como alvos questões e setores críticos de outras nações, como a Defesa, Serviços Financeiros, Energia e outros serviços públicos, que são os mais impactados, segundo estatísticas globais.
Nesta entrevista, Mariana também fala sobre as nações que mais oferecem risco ao Estado brasileiro, as principais ferramentas de ataque e de defesa, além de apontar formas de identificar a diferença entre um ciberataque convencional e uma ação orquestrada por uma nação ou a partir dela para minar outro país ou seus setores econômicos.
Por fim, a professora da Escola Superior de Guerra aconselha a instalação de fóruns para troca de informações entre usuários, empresas e governo. “Todos nós temos dificuldades de qualificar se um ataque é um crime direcionado ou algo com motivação política”, diz, ao comentar sobre a importância da comunicação entre os vários atores de uma Nação. “O mundo inteiro engatinha no que diz respeito a respostas orquestradas por usuários, empresas e governo”, afirma. Para ela, as empresas, em particular, se preocupam com a reputação da marca quando decidem não comunicar suas brechas de segurança.